Música sertaneja
A
recente apresentação de cantores sertanejos na Exposição Feira de São Gabriel é
motivo de preocupação, pois coloca em risco o futuro da nossa música
tradicionalista. É pena que uma instituição como o Sindicato Rural, que deveria ser voltada para a defesa dos
ruralistas, tenha investido em artistas “alienígenas”, que nada tem a ver com a
nossa cultura. Sei que as apresentações deles agradaram o público, e nem
poderia ser diferente, pois realmente são artistas qualificados.
Mas
não é isso que eu contesto. Sim a presença deles em detrimento da contratação de
valores da música do Rio Grande do Sul, que não é tocada lá fora. Então porque
temos que dar valor a quem não nos valoriza? A continuar assim, com investidas
desse tipo de parte de quem deveria defender nossos hábitos, costumes e
tradições, o que nos espera lá adiante não é nada alentador.
Eu,
nas últimas vezes que estive em São Gabriel, já havia notado a evolução do
mercado musical sertanejo em nosso meio. Pelas ruas são vendidos livremente
CDs. Nos bares e clubes tocam música sertaneja. E por incrível que pareça até
no Galeto do meu amigo Brito, vi o telão com enormes imagens de Bruno e Marrone.
Até
comentei em uma de minhas colunas, na ocasião, que me senti como um peixe fora
d’água. Só falta o meu amigo “Gaitinha” colocar um chapéu de “cowboy” e ir lá
para o “Bar do Caio” cantar música sertaneja. Se isso acontecer, juro que me
mudo para Marte.
Eu
moro em Brasília e sou obrigado a ouvir música sertaneja por qualquer lugar que
ande. Mas aqui a maioria do povo é de Goiás ou do Nordeste. E essa é a música
tradicional deles. De vez em quando levo no “pen-drive” algumas das nossas
milongas e vaneiras e as coloco para o pessoal do bar que frequento ouvir. E
sempre quase sou corrido da mesa, pois ninguém quer ouvir. Essa é a realidade.
O
pior é que essa invasão de coisas que não nos dizem respeito, não começou
agora. Certa ocasião fui a um rodeio, não lembro se do Tarumã ou do Caiboaté, e
fiquei surpreso com a presença lá de um caminhão de uma companhia de rodeios.
Quando da apresentação deles fui embora, pois para mim foi demais ouvir um
locutor berrando a plenos pulmões: “Seguuuuuuuura peãaaaaaaao”.
Novos
tempos
As mudanças, e para melhor, parece que começaram a acontecer em
São Gabriel. Tempos atrás ninguém apostaria um vintém que um dia uma mulher
chegaria ao comando de uma entidade tradicionalista, que se sabe (ou sabia) foi
sempre uma espécie de “Clube do Bolinha”. Mas depois das eleições da primeira
governadora do Rio Grande do Sul e da primeira mulher presidente do Brasil,
tudo começou a ficar diferente.
Pois agora a senhora Cátia Beatriz Pedroso Cavalheiro, foi
conduzida ao cargo de primeira “patroa” na história da Coordenadoria
Tradicionalista Municipal. E eu saúdo isso como um grande avanço, pois indiscutivelmente
as mulheres podem ensinar muitas coisas aos homens, inclusive como modernizar
entidades tão enraizadas com o passado. E também ajudar a valorizar a nossa música,
hoje jogada a um segundo plano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário, mas se identifique.