domingo, 22 de abril de 2012

Planejar é preciso

* Luiz Fernando Mainardi

Os preços pagos ao arroz em plena colheita da safra 2011/2012, superiores em cerca de 30% aos praticados em igual período da safra passada, que teve superprodução do grão, nos fortalecem a certeza de que é preciso planejar a lavoura. Ao contrário do ano passado, em que o excesso de oferta, aliado aos altos estoques governamentais, provocou uma das maiores crises de comercialização do arroz gaúcho, neste ano os produtores estão vendendo a saca por valores acima do preço mínimo.
Embora não tenha sido fruto de um planejamento, mas reflexo do mau momento do ano passado e também da falta de água estocada no momento do plantio em diversas regiões, a redução da área e, conseqüentemente, da produção, provoca a diminuição da oferta e ocasiona a prática de preços mais justos. Entendo que devemos praticar, tal qual fazem os Estados Unidos e outros países, a produção planificada.
Sabemos qual a demanda interna média e podemos vislumbrar o consumo mundial. Sendo esta uma lavoura totalmente irrigada e altamente tecnificada, temos elementos suficientes para definir, com antecedência, a área a ser semeada em cada safra. E, desta forma, aproximando a oferta da demanda, obteremos estabilidade dos preços.
Com as barragens existentes, podemos irrigar a soja utilizando 12% das águas reservadas em relação ao que seria demandado na mesma área do arroz. Para tanto, podemos contar com o plantio em micro-camaleão, tecnologia desenvolvida pelo Irga. Ocuparíamos as coxilhas com lavouras de milho irrigadas, com o uso de um quarto da água que seria consumida pelo arroz. Para tanto, lançamos o Mais Água, Mais Renda, que subvenciona de 12 a 30% os empréstimos contraídos para investimentos em irrigação. E tem, ainda, a opção da exploração pecuária.
Além de garantir renda ao produtor, a rotação de culturas tem efeitos positivos para a qualidade do arroz e para o próprio meio ambiente. Outro fator positivo da diversificação é que os produtores não ficam reféns do desempenho de uma única cultura.
Por outro lado, é fundamental que ocorra um acordo entre os países membros do MERCOSUL estabelecendo cotas de importação e de exportação com a máxima antecedência possível. Tema que encontra ressonância entre nossos parceiros, como constatei, na última semana de março, em Buenos Aires, em conversa com o vice-ministro da Agricultura da Argentina, Lorenzo Basso, também favorável a uma política de cotas, para evitar uma concorrência nada salutar para nossas economias. No ano passado, por exemplo, os nossos parceiros do sul da América, em função dos baixos preços no mercado brasileiro, também enfrentaram dificuldades para colocar seus excedentes no mercado. O governo brasileiro, por sua vez, em razão do desarranjo gerado com o excesso de arroz da safra passada, também precisou investir centenas de milhões de reais para evitar a quebradeira do setor orizícola.
Por tudo isso, tenho claro que devemos enfrentar o mercado de forma mais profissionalizada. Até agora, temos segurado o “touro com as unhas”. Plantado, na maioria dos casos, no escuro. Com previsibilidade, teremos estabilidade e, com ela, a lucratividade que impulsionará, cada vez mais, a economia gaúcha.

* Deputado Estadual / Secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio









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