quinta-feira, 26 de abril de 2012

O bom de trabalhar em Brasília - por Nilo Dias


Lá se vão 12 anos em Brasília e o tempo se encarregou de fazer quase tudo parecer rotina. Mas, no começo, ter ficado cara a cara com o poder causou um impacto muito forte. Em 2001, tive a oportunidade de trabalhar na Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica (GCE), anexa ao Palácio do Planalto e convivi com pessoas importantes da vida pública nacional e também da imprensa. 
Naquele período o doutor Arlindo Vargas, conceituado médico e político gabrielense, ocupava importante cargo na Subchefia de Assuntos Federativos da Presidência da República, e algumas vezes nos encontramos na hora do almoço, em um dos restaurantes do Palácio. 
Na sala ao lado da que eu trabalhava, ficava a Advocacia Geral da União (AGU), cujo chefe na época era o atual membro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que naqueles tempos usava barba e bigode. Eu o encontrava todos os dias e ele parecia bem mais simpático do que é hoje. Meu chefe era o
ministro Pedro Parente, que depois de deixar o Governo foi um dos vices presidentes da Rede Brasil Sul de Comunicações (RBS), em Porto Alegre.
Tudo, a cada dia, era um acontecimento, pelo inusitado da experiência de frequentar diariamente a Esplanada dos Ministérios. E, confesso até com alguma saudade que foi muito bom ver a face humana dos mitos. Um momento que guardo com especial carinho, foi quando o presidente Fernando Henrique Cardoso, ao se dirigir até o auditório do Palácio, apertou a mão (inclusive a minha) e abraçou todos os que se enfileiravam no corredor. Ao contrário de seu ministro da Saúde, na época, José Serra, que não olhava para ninguém e esbanjava antipatia. 
Na imprensa, fiz amizade com o repórter e apresentador de jornalismo da Rede Globo, Eraldo Pereira, que era setorista no Palácio do Planalto. Quase diariamente almoçávamos juntos e batíamos longos papos. Ele é um cara simples que trata a todos com a mesma atenção. Depois que saí da função pública ainda o encontrei algumas vezes no Congresso Nacional, quando estava a serviço da Confederação Nacional de Municípios (CNM).
 Também no meu tempo de CNM continuei a respirar poder. Nas seis edições que participei da “Marcha dos Prefeitos”, convivi com prefeitos de capitais, governadores de Estados, senadores, deputados federais, ministros, candidatos a Presidência da República e outras autoridades. E por algumas vezes tive o prazer de assistir vibrantes manifestações do então presidente Lula. 
E na Assessoria de Imprensa da CNM recebi os amigos de São Gabriel, prefeito Balbo Teixeira, secretários Rudnei de Oliveira, Evandro Guedes e Fernandinho Abbott e o gerente da Rádio São Gabriel, Carlos Conrad, além do saudoso primeiro prefeito de Santa Margarida do Sul, Orestes da Silva Goulart. 
Hoje, aposentado, até lamento não ter menos idade para continuar convivendo em cenário tão fascinante. Mas ficou a convicção de que valeu a pena ter acrescentado à minha trajetória profissional essa parte deslumbrante da profissão. Faço esse comentário algo nostálgico para dizer que trabalhar na imprensa em Brasília foi um grande privilégio e aprendizado. 
(E-mails: nilodt@hotmail.com e nilodias@ibest.com.br)

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