sábado, 8 de dezembro de 2012

Um alerta para a prevenção - Homem fala sobre como vive com a Aids há mais de 13 anos


Dia 1º de Dezembro comemorou-se o Dia Mundial de Luta Contra a AIDS, data em que todos os municípios realizam eventos de conscientização para prevenção no que diz respeito ao contágio pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Em São Gabriel foi realizada a 7ª Caminhada do Dia Mundial de Luta Contra a AIDS na sexta-feira (30), com saída da Unidade Básica de Saúde Brandão Júnior até a Praça Dr. Fernando Abbott. O evento, diferentemente de anos anteriores, contou com pouca participação de alunos de escolas das redes de ensino do município, assim como comunidade em geral. Com a chegada na Praça Fernando Abbott, aconteceram apresentações artísticas e durante a tarde o programa DST/AIDS montou uma barraca de prevenção com distribuição de preservativos, material informativo e realização do teste rápido diagnóstico, com parceria de
acadêmicos da Unipampa. No sábado (01) aconteceu uma blitz informativa na Polícia Rodoviária Federal, com oferta do teste rápido diagnóstico, que dá o resultado em apenas 20 minutos.

Teste e Prevenção

A Coordenadora do Programa Municipal DST/AIDS, Rosângela Bohrer esteve conversando com a reportagem do Cenário de Notícias – Jornal Bom de Ler e falou sobre os projetos que o Programa desenvolve. Segundo ela, em parceria com outras Secretarias, como por exemplo, Educação, está sendo articulado uma das coisas básicas em sua opinião para prevenção, que é atingir os adolescentes nas escolas. “Há dois anos temos um grupo direcionado para as escolas, trabalhando com alunos de 5ª série até o ensino médio, ou seja, de 11 anos em diante. Trata-se do Grupo Gestor Municipal, que coordena o Programa Saúde e Prevenção nas Escolas”, afirmou.
Nos últimos tempos a procura pelo teste de HIV tem sido grande e a cada dia aumenta mais. Segundo Rosângela, as pessoas não têm mais tanto receio em procurar pelo teste e em função disso o diagnóstico positivo cresceu bastante. São realizados em torno de mil testes durante o ano.
São desenvolvidas também diversas campanhas de conscientização, com testes e vacinações no Presídio Estadual, onde as mulheres realizam preventivo do Câncer e recebem orientações de prevenção a Doenças Sexualmente Transmissíveis.

Diagnósticos no município

No ano de 2012 foram computados vinte e três diagnósticos positivos do vírus HIV, sendo que desses, dez casos já eram de AIDS. Hoje, no município de São Gabriel, são assistidos em torno de 120 pessoas, sendo que 80 delas usam medicação. Tanto os coquetéis quanto medicamentos para infecções oportunistas são distribuídos gratuitamente pelo município.

Diferença entre o Vírus HIV e a AIDS

O HIV é o vírus que causa a Aids, uma doença que prejudica as defesas do organismo contra infecções e outras doenças. Diz-se que a pessoa é HIV-positivo ou soropositiva quando ela tem o vírus, mas ainda não teve o sistema imunológico comprometido, coisa que pode demorar alguns meses ou alguns anos. 
O HIV vai destruindo aos poucos a capacidade do corpo de se defender de infecções e certos tipos de cânceres. Quando as defesas do organismo estão baixas e a pessoa já está pegando infecções perigosas, diz-se que ela tem Aids (síndrome da imunodeficiência adquirida). Geralmente, os primeiros sinais da Aids são pneumonia e tumores nos gânglios linfáticos. 
Os sintomas aparecem quando o número de linfócitos auxiliadores (LT-CD4) cai abaixo de determinados níveis. 
O vírus pode causar a doença rápido, ou então permanecer por anos no corpo da pessoa sem se manifestar. O único jeito de confirmar sua presença é através de exames de sangue. 
O HIV é transmitido pelo sangue, pelo sêmen, pela secreção vaginal e pelo leite materno. Um bebê pode ser infectado pela mãe durante a gravidez e na hora do parto. 
Hoje em dia, os chamados coquetéis de medicamentos anti-retrovirais (com distribuição gratuita pelo governo) conseguem, em muitos casos, controlar a carga de vírus no sangue, aumentando consideravelmente a qualidade de vida e as chances de sobrevivência, e principalmente reduzindo o risco de transmissão vertical (da mãe para o bebê) do vírus HIV.

Teste: horários e locais

Os testes são realizados nas terças-feiras, às 7h30, no PAM. O resultado demora em torno de 10 dias. Antes de realizarem o teste as pessoas são orientadas sobre o que estão fazendo e sobre medidas protetivas. Existe também o teste rápido diagnóstico, que dá o resultado em 20 minutos. Ele será implantado a partir de janeiro a princípio para gestantes e será realizado nas Unidades Básicas, que têm obstetras, por enfermeiros capacitados. Assim, haverá uma descentralização para que se tenha mais agilidade em relação ao resultado da gestante que, caso seja positivo, precisa que o tratamento inicie o quanto mais cedo for possível.

O que mudou para quem vive com a doença?

Flávio Peres da Cunha tem 48 anos, é solteiro e convive com a doença há mais de 15 anos. Segundo ele, descobriu que tinha AIDS quando já estava doente, iniciando tratamento direto com a terapia anti-retroviral.
Flávio conta que sua reação não foi tão terrível quanto pensava quando descobriu que era portador da doença. “Claro que eu chorei, estava cego, tive uma série de efeitos. Mas minha família me abraçou, tive muito apoio deles, o que foi indispensável”.
Com relação há preconceito Flávio conta que nunca foi vítima, mas que ainda existe muito.
“Tudo é droga que a gente toma. A terapia machuca muito a gente, tem efeitos colaterais horríveis, efeitos metabólicos, de lipodistrofia. Eu recebo o coquetel gratuitamente”.
Flávio contraiu a doença através do sexo, mas diz que não sabe de quem foi e acha que não adianta pensar nesse momento e, antes de descobrir que tinha a doença ainda pode ter contagiado outras pessoas.
“Levo uma vida razoável, pratico esportes, me divirto, me cuido. Levo uma vida normal”.
Segundo ele, quando se relaciona com alguém, muitas vezes conta a respeito da doença, às vezes não, mas se cuida. “Muitas vezes já levei não, mas é o risco que se corre. As pessoas têm medo e eu não sei se estivesse no lugar, se não ficaria com medo também, não condeno ninguém por isso”.

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