segunda-feira, 19 de novembro de 2012

ESPAÇO DO ESTUDANTE

Revolução verde??
A partir da décadade 70, intensifica-se a chamada revolução verde, programa idealizado para multiplicara produção agrícola nos países menos desenvolvidos. O modelo incentiva o uso de sementes geneticamente modificadas, insumos, mecanização, produção em massa, irrigação, barateamento dos custos e gerenciamento de produção.
Santa Margarida do Sul, pequena cidade da fronteira oeste do Rio Grande do Sul, mas com uma área rural significativa, não fogea esse modelo. Hoje, aocultivar grãos como a soja, cevada, canola, trigo e milho, além de uva, cítricos e hortaliças, ostenta uma economia diversificada.
Para manter e ampliar a produção dessas culturas, os produtores se sentemdependentesdos fertilizantes, para “enriquecer” o solo, e dosagrotóxicos, para combateras pragas que atacam as suas lavouras.Com o passar do tempo,os efeitos dos agrotóxicos surgem, como a contaminação humana e do meio ambiente. As pragas tornam-se resistentes e, por isso,eles deixam de ser efetivos,levando à adição de maisaplicações ou o uso de novas moléculas ainda mais potentes. Quanto a isso, há posições antagônicas, que geram discussões.
Os defensores dos agrotóxicos argumentamque não há como garantir a produção e a sua qualidade sem os agrotóxicos e que inexiste aprodução de agentes naturais que possa atender, só no Brasil,milhões de hectares de terra.Osenhor Rogério Estrauzulas, um dos proprietários da fazenda Santa Eulália, reforça dizendo que são feitas várias pulverizações anuais nas suas lavouras e, se todos os produtores deixassem de fazê-las,a produção entraria em colapso, pois as pragas destruiriam as plantações e, como efeito,haveriaa escassez de alimentos.
Já os que são contra o uso dos agrotóxicosafirmam que os riscos à saúde são evidentes, como o aborto, distúrbios cognitivos, de comportamento, endócrinos,conforme afirma a pesquisadora da Fiocruz, Lia Geraldo. Isso se manifesta de forma crônica pelos alimentos, ouaguda, àqueles que estão expostos ao produto, como aconteceu com o senhorIsaltino Teixeira, 71 anos, que disse, em entrevista, que, quando há pulverização, sofre náuseas, dor de cabeça e alergia.Ademais, argumentam quecontaminam o solo, o ar e os cursos d’água, ameaçando a biodiversidade.Oengenheiro agrônomo, Paulo Fassina, da Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente, alerta-nos que o aquífero fissural do escudo cristalino, que abastece o município, ainda não registra contaminação, mas poderá ocorrer, pois o uso dos agrotóxicos é abusivo e não há monitoramento adequado.
Embora reconheça que ainda inexista aprodução de agentes tecnologicamente corretos quevenha atender a todas as lavouras quanto ao combate às pragas, discordo do uso dos agrotóxicos.Sou partidário dacultura orgânica, porque não provoca malefício ao meio ambiente e ao ser humano. É mais saudável, nutritiva e saborosa que a convencional. Ainda que seu custo seja alto, vale à pena investir em qualidade do que adquirir um alimento mais barato, mas que ofereça riscos. Também das técnicas que não lesem a natureza, como o chá produzido a partir de plantas bioativas que repelepragas e atrai predadores naturais. E o falcão, um predador natural de ratos e caturritas que atacam o milho. Essa prática já é vivenciada por 200 agricultores familiares da região Sul do Estado. O seu sucesso fez com que a Embrapa, em Pelotas, encampasse a ideia, fazendo experimento com cinco plantas: a camomila, chinchilho, arruda, funcho e pata de vaca.
Assim, penso que não se resolverá a questão dos agrotóxicosa curto prazo. Mas, creio que somente com forte investimento em pesquisa,tanto deiniciativa governamental quanto privada, que se vislumbrará ocaminho de uma agricultura sustentável.Temos que tirar lições do ontem e do hoje para alcançarmos um amanhã sem agressões ao planeta. A revolução verde não pode dar margem a interrogações.Hánecessidade urgente de mudança de cultura, assim como priorizara atenção à responsabilidade social. Os princípios da agroecologia precisam ser resgatados, pois, caso contrário, materializar-se-á o pensamento do antropólogo francês, Claude Lévi-Strauss, “O mundo começou sem o homem e acabará sem ele.”

Aluno Carloci D’Ávila Menezes Júnior, 3º ano Ensino Médio, E EE M Marechal Hermes
Texto (artigo de opinião) semifinalista: Olimpíada de Língua Portuguesa, 3ª edição, 2012

Professor orientador: Luz Carlos Leivas Saldanha

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