domingo, 1 de agosto de 2010

ARTIGO - Quanto menos, melhor!

Na área da saúde, constata-se que a tendência da indústria farmacêutica é reduzir, cada vez mais, o número de vezes que uma droga precisa ser tomada com a mesma eficácia da posologia adotada nos dias de hoje, ou seja, quanto menos, melhor!
Tenho amigos que, ao assistirem a desfiles de moda, também pensam que “Quanto menos, melhor!”, referindo-se às roupas das modelos.
Na política, o putrefato sistema político-eleitoral brasileiro também adota esta lógica do “Quanto menos, melhor!”. No caso, quanto menos o cidadão se envolve com a atividade político-partidária, melhor, pois o rateio tanto do poder político, através dos cargos públicos e do poder financeiro, através das arrecadações de recursos será dividido com um número menor de pessoas.
A constatação dessa realidade é manifesta na estruturação dos partidos políticos que, por serem propriedade de poucos, reservam participação tão somente aos seus para que a fatia do bolo, ao ser dividida, seja bem maior e com maior sustância.
Ao analisar o número de candidatos às eleições proporcionais deste ano, chega-se a uma deplorável realidade: estamos inertes, politicamente, sem nenhum esboço de reação e nas mãos de poucos com muita ganância de poder e de dinheiro.
Vale lembrar uma frase de Martin Luther King que lutava pelo direito dos negros e o fim do racismo nos EUA. Liderando protestos, ele mudou a situação dos negros norte-americanos ao dizer: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas sim o silêncio dos bons.”
A realidade que mostra a falência dos partidos políticos e a inexistência de líderes é o número de candidatos que se dispõem a concorrer, ou que conseguem fazê-lo, nas eleições de 2010, em especial, nas eleições proporcionais.
No Rio Grande do Sul, participarão, nas eleições para a Câmara dos Deputados, 23 partidos políticos, o que implica ser possível, sem coligação, um total de 1.081 candidatos a deputado federal e, com as composições apresentadas poderiam concorrer 624 candidatos. No entanto temos apenas 310 candidatos, ou seja, apenas 49,67% das vagas foram preenchidas.
Outro aspecto significativo na constatação da falta de lideranças políticas é o fato de que, em 2006, o maior número de votos para a Assembléia Legislativa foi dado à legenda de um partido político não para algum candidato. As legendas, naquela eleição, somaram 570.723 votos (8,55% dos votantes). Esse é o número de eleitores que não encontraram candidatos de seu agrado, optando por votarem na sigla de um dos partidos políticos.
Outro dado que bem demonstra o passamento dos partidos políticos é a falta de candidatos, uma vez que, na eleição passada, seria possível que concorressem, sem coligação, para a Assembléia Legislativa, 2.158 candidatos. Somente disputaram 500 candidatos (23% das vagas existentes). E mais: dos 7.750.583 eleitores aptos, 1.644.478 eleitores (21,21%) não votaram em candidato nenhum.
Tais números representam a certidão de óbito dos Partidos Políticos no Rio Grande do Sul.
Uma reforma política com um controle efetivo do Poder Judiciário sobre os Partidos é uma atitude patriótica, de bom senso e de moralidade.

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CARLOS DIRNEI FOGAÇA MAIDANA
OAB/RS nº. 44.571

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