Homem mora em barraco no centro da cidade

Para se livrar do “problema”, funcionários da Prefeitura querem jogá-lo, com seu barraco e sem assistência, no Passo do Pinto

Várias pessoas que moram próximo a Praça Camilo Mércio entraram em contato com o setor de reportágens do Cenário de Notícias reivindicando nossa presença aos fundos do Mercado Público

e relatando a situação sub-humana em que vive um morador de rua no local. O motivo da fúria dos vizinhos é a atitude de um funcionário da Secretaria de Serviços Urbanos, encarregado de vistoriar o setor de limpeza pública, o qual ordenou que o morador de rua retirasse do local o barraco em que vive, dizendo que a área é pública, que o mesmo não poderia permanecer ali e que “encostaria” uma caçamba para levar as lonas e o homem para o mato do Passo do Pinto, próximo ao Bairro Santa Clara.

Conversamos com o homem que identificou-se como Marco Antônio Wolmo, o qual afirmou que mora há mais de três meses no local, em um barraco feito de lonas pretas, escondido próximo a um muro situado ao lado do Ginásio Plácido de Castro. 

“Não tenho onde morar e me abriguei aqui há cerca de três meses. O rapazinho da prefeitura me falou que não posso estar aqui, por ser uma área pública. Mas se é uma área pública eu posso estar aqui. Não estou fazendo maldade para ninguém. Não sou ladrão, não sou marginal, porque eles querem me tirar daqui?”, afirmou.

Quando lhe foi perguntado se a Secretaria de Assistência Social tinha conhecimento do seu caso o homem respondeu que “por enquanto não veio ninguém, acho que nem sabem que estou aqui. Amanhã de manhã (ontem) disseram que vai vir uma caçamba encostar aqui e me levar lá para o Passo do Pinto, para o outro lado do trevo, pro arroio, para eu ficar no meio do mato. Eles estão achando que sou bicho. Eu acho um absurdo isso aí, pois não estou fazendo maldade para ninguém. O prefeito também não faz nada pela gente”.

Marco Antônio trabalha com uma carrocinha catando materiais que vende para reciclagem, onde consegue alguns centavos para comprar alimentos. Antes de virar morador de rua, ele morava com os pais mas, após a morte dos mesmos, a casa onde residiam foi vendida e, sem condições de pagar aluguel, não teve escolha e foi para as ruas. 

Segundo ele, todos os dias os moradores próximos à praça e alguns trabalhadores do Mercado Público vão lhe visitar e lhe oferecem comida. Uma moradora o presenteou inclusive com um cobertor para que pudesse ficar protegido do frio.

“Pelo menos aqui eu não passo fome nem frio. Mas se eles querem que eu vá para o meio do mato, eu vou.Sou meio bicho, bicho/gente. Tendo minha saúde boa, o resto é bobagem. A gente tem que ficar tranquilo, não pode se apavorar, pois quando a gente fica apavorado, tudo vai para trás, se a gente conseguiu adquirir alguma coisinha, acaba perdendo. Fazer o que se eles têm o poder e a gente não? Essa Prefeitura não desenvolve nada. O prefeito já era para ter vindo aqui olhar minha situação e pelo menos arrumar, nem que fosse uma baiuquinha lá perto do arroio, mas pelo menos eu estaria dentro de casa”, afirmou.

Segundo Marcos Antônio, um vereador esteve lhe visitando e afirmou que o mesmo não poderia continuar ali e o orientou a ir para baixo de alguma ponte, pois não poderia ficar ali. 

A reportagem CN entrou em contato com os comerciantes do Mercado Público, que também não aprovam a atitude tomada pela Prefeitura e afirmam que o homem nunca os incomodou. Segundo eles, sua presença quase que não é notada e sua educação é algo notório. 

O homem vive em uma situação sub-humana, na umidade e sem recursos para se abrigar em dias de chuva.