sexta-feira, 8 de junho de 2012

Deputado Federal Dionilso Marcon: “Que venha o MP Estadual, o de São Gabriel deve estar em outro time, que não é o dos pobres”


O Deputado Petista Dionilso Marcon, juntamente com uma comitiva formada por representantes do Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal, Assessores Jurídicos de Movimento Sem-Terra e Procuradoria Geral de Justiça, Governo do Estado e Governo Federal, visitaram na manhã de segunda-feira
(05) os assentamentos de São Gabriel e tomaram conhecimento da real situação que enfrentam, principalmente as crianças assentadas, no que diz respeito ao deslocamento para às escolas. Foram visitados os assentamentos União pela Terra (o mais precário) e Itaguaçú. No total, o município possui sete assentamentos onde as crianças freqüentam três escolas que ficam mais próximas.
“Estive no assentamento às 5 horas da manhã e é um desaforo o que está acontecendo com as crianças, que têm que sair de casa às cinco horas para chegar às 7h30 na parada do ônibus, caminhando, fazem 11 km de madrugada para chegar no ônibus, sem estrada, sem água. É uma situação sub-humana o que está acontecendo”, argumentou Marcon.
Marcon disse ainda que se os pais não mandam as crianças para a escola correm o risco de serem presos, mas o município e o Estado não dão as mínimas condições para que estas crianças freqüentem as salas de aula. Segundo ele, são crianças humildes, de famílias pobres, que possuem poucas roupas. “Isso é uma vergonha e é triste ver aquilo que a gente viu naquela manhã, no assentamento, aqui em São Gabriel. Eu já sabia disso e fiz questão de ir lá, cedo, para ver a hora e a maneira que essas crianças saem da casa”.
Se referindo a questão dos assentados pelo Incra, o deputado fez questão de afirmar que o jeito correto a se referir é que as pessoas são atiradas no assentamento, pois há quatro anos as famílias estão nos lotes sem água e sem receberem recursos. “Eu, que sou assentado, saí ontem de tarde do meu assentamento, o Nova Santa Rita. Eu moro no assentamento, não tenho outra casa se não for aquela do assentamento e critico a maneira como essas pessoas foram jogadas nesses assentamentos em São Gabriel, tanto pelo Poder Público Municipal quanto pelo Federal, pelo Incra, que é o responsável por dar infra-estrutura a essas famílias que estão aí”.
Marcon afirma que em primeiro lugar está a questão do transporte para as crianças, para saírem de dentro do assentamento e se deslocarem até a estrada, onde passa o ônibus escolar. “Eu acho que aqui em São Gabriel não tem Secretaria de Educação, não tem Ministério Público. O Ministério Público do município deve estar dormindo, porque não viu as crianças saírem de casa às 5 horas. É sub-humano o que nós vimos”. Marcon afirma que em primeiro lugar na luta está a colocação de um micro-ônibus dentro do assentamento. Em segundo lugar está a questão das estradas e água potável “para que se possa beber água, e não barro, como acompanhamos”.
“Que venha o Ministério Público Estadual, pois o de São Gabriel deve estar em outro lado, em outro time, que não é o dos pobres”, finalizou.
A questão das estradas dentro do assentamento, os próprios moradores pagaram pela passagem de uma grade, para que melhorasse um pouco o acesso dos mesmos, até para retirada das mercadorias que eles produzem e deslocamento para a cidade, para que sejam negociados os frutos de seu trabalho.
O Procurador Geral de Justiça, Eduardo de Lima Veiga afirmou que haverá mobilização entre todos os envolvidos para que possam ser encontradas soluções que possam melhorar as condições de vida das pessoas. 
Durante a tarde houve uma reunião na sede da Promotoria de Justiça de São Gabriel onde foi concluído diante da situação de penúria humana, lacunas de políticas públicas e grandes dificuldades constatadas, por estabelecer três prioridades para enfrentamento urgente por meio de ações interinstitucionais coordenadas. São elas: estradas internas, acesso à água (que é levada até os assentamentos por meio de um caminhão pipa de quinze em quinze dias) e garantia efetiva do direito à educação das crianças e adolescentes assentados.

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